Como Grupo Femar se tornou uma das maiores indústrias da Amazônia Legal – com Fernando Vilas

CEO detalha expansão da indústria, aponta falhas estruturais do Brasil e relata pressões sofridas depois de liderar a implantação do aeroporto que transformará o Vale do Jamari
Há 18 horas
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Em um bate-papo franco no podcast PodRondônia, a jornalista Rosângela Cândido recebeu o engenheiro, empresário e CEO do Grupo Femar, Fernando Vilas, para uma conversa que uniu história, economia, política e desenvolvimento regional. Natural de Ariquemes, Fernando revisitou a trajetória de construção de uma das maiores indústrias de bebidas da Amazônia Legal e detalhou os desafios que moldaram o crescimento da Femar. Além disso, fez críticas contundentes ao cenário político brasileiro e revelou episódios de perseguição sofridos após liderar o projeto do Aeroporto de Ariquemes, iniciativa considerada um marco para o Vale do Jamari.

A Femar, fundada há mais de 40 anos, emprega hoje mais de 360 colaboradores e está presente em diversos estados com marcas como Blue Ray, Tampico, Frisky e Puragua. Durante a entrevista, Fernando relembrou a origem da família na década de 1970, quando seus pais chegaram a Rondônia em meio às políticas de colonização do Incra. Desde então, a história da indústria acompanha o crescimento do estado.

Com formação em Engenharia de Alimentos, Fernando contou como viajou para países como Alemanha e Japão em busca de tecnologia, aromas e processos que fazem da Femar uma referência em inovação dentro do setor de bebidas. Ele explicou por que o energético Blue Ray tem sabor único e falou sobre a importância do desenvolvimento tecnológico no país.

Durante o episódio, Fernando não economizou palavras ao analisar a política brasileira. Segundo ele, o país sofre com:

  • Falta de infraestrutura e logística adequada, que encarece produtos e limita o crescimento de indústrias na Amazônia;
  • Escassez de investimentos em ciência e tecnologia, mantendo o Brasil dependente de outros países;
  • Excesso de leis que atrapalham quem empreende;
  • Instabilidade política que afasta investimentos e gera insegurança.

Para o empresário, o Estado brasileiro não cria condições reais para que empresas prosperem. “O governo cria leis que impedem as pessoas de crescer, de trabalhar mais e de ganhar mais. Enquanto isso, quem carrega o país nas costas é quem produz”, afirmou.

Ele também alertou para os efeitos da recente reforma tributária, dizendo que ela pode eliminar as poucas vantagens competitivas que Rondônia ainda possui: “A reforma vai colocar todo mundo no mesmo patamar, e aí vence quem tem melhor estrutura. Rondônia ficará para trás.”

Um dos momentos mais fortes da entrevista foi quando Fernando relatou que sofreu perseguição política depois que assumiu a presidência da Associação Comercial de Ariquemes e liderou o processo que garantiu a construção do aeroporto da cidade.

O empresário buscou o projeto na Infraero, articulou apoio da bancada federal e conseguiu viabilizar cerca de R$ 60 milhões para iniciar as obras — um marco histórico para o Vale do Jamari.

“Quando perceberam que o aeroporto ia sair de verdade, começaram as perseguições. Em vez de comemorarem uma melhoria para a população, se incomodaram com o avanço. A política brasileira funciona ao contrário”, desabafou.

“Quando o problema aparece, quem resolve é o povo”

Fernando destacou que, nas maiores crises recentes — enchentes, pandemia, colapso no fornecimento de oxigênio — foram os empresários e a sociedade civil que assumiram o protagonismo, enquanto muitos agentes públicos “sumiram”.

Segundo ele, isso mostra um padrão: “Quem resolve os problemas do Brasil é o povo, são os empresários. O governo só aparece quando é para discursar.”